Entretanto, especialista chama atenção para a dependência dos produtos básicos, já que a venda de manufaturados diminuiu no mês passado, e para a queda nas importações de bens de capital
São Paulo – Depois de crescer nos quatro primeiros meses de 2017, as exportações emendaram nova alta em maio. Com um avanço de 7,5%, na comparação com o quinto mês do ano passado, as vendas para o exterior chegaram a US$ 19,792 bilhões.
Assim, a balança comercial brasileira bateu novo recorde. Entre janeiro e maio deste ano, o superávit das transações internacionais chegou a US$ 29,032 bilhões, o maior desde 1989, quando teve início a série histórica do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic). No confronto com o período de cinco meses de 2016, a balança comercial subiu 47,5%.
A exportação de produtos básicos ficou novamente entre os destaques. Com uma expansão de 11,6%, no embate com maio do ano passado, elas atingiram US$ 9,703 bilhões. As principais altas foram vistas nos embarques de milho em grão (922,3%, para US$ 53 milhões), petróleo em bruto (94,2%, para US$ 1,1 bilhão) e minério de cobre (62,5%, para US$ 224 milhões). Dois dos produtos mais exportados pelo Brasil, o minério de ferro (17,5%) e a soja em grão (7,7%) também avançaram no período, de acordo com dados apresentados ontem pelo Mdic.
A venda de manufaturados, por outro lado, não manteve o fôlego do primeiro quadrimestre e caiu 1,2%, para US$ 6,873 bilhões. As principais baixas do mês passado foram vistas em motores e geradores elétricos (-22,5%, para US$ 98 milhões) e polímeros plásticos (-4,4%, para US$ 171 milhões). Na opinião de especialista consultado pelo DCI, o resultado de maio traz um bom retrato do desempenho brasileiro em comércio exterior: dados melhores para produtos básicos e rendimento instável de mercadorias industrializadas.
“Os nossos números positivos costumam ser causados pelas commodities, enquanto que os aumentos de manufaturados são menos frequentes e normalmente estão ligados ao bom momento de um produto específico”, afirma André Mitidieri, economista da Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex).
Esse desenho é “negativo”, avalia ele, porque indica uma grande dependência dos preços internacionais de produtos básicos, como o minério de ferro e o petróleo. “Estamos reféns dos ciclos [globais] e não temos nenhum controle sobre eles”, explica o entrevistado.
Terceira categoria de produtos exportados, os semimanufaturados avançaram 16,4%, no mês passado, e chegaram a US$ 2,778 bilhões. Entre essas mercadorias intermediárias, os destaques ficaram com as altas nos embarques de semimanufaturados de ferro ou aço (63,7, para US$ 429 milhões) e de açúcar em bruto (46,0%, para US$ 824 milhões).
No recorte por países de destino, houve aumento das vendas para alguns dos maiores parceiros comerciais do Brasil. Os embarques para a Argentina subiram 21,7%, enquanto que as exportações para os Estados Unidos cresceram 21,6% e para a China, 10,6%. No sentido contrário, os embarques do País para a União Europeia tiveram queda de 7% no período.
Importações em alta
As compras no exterior também tiveram resultado semelhante ao dos primeiros meses do ano. Mais uma vez, o aumento das importações foi acompanhado por uma queda nas aquisições de bens de capital. As compras subiram 4%, para US$ 12,131 bilhões, mas a negociação de máquinas e equipamentos caiu 20,7%.
Esse recuo, diz Mitidieri, está relacionado à situação da economia brasileira. “O consumo e o investimento seguem em queda, então não há grande incentivo para esse tipo de compra”, explica ele.
Cresceram, por outro lado, as importações de combustíveis e lubrificantes (30,2%), bens de consumo (20,2%) e bens intermediários (1,5%). O Mdic destacou os avanços nas compras de álcool etílico e produtos imunológicos. Já as aquisições de fornos não elétricos e máquinas para empacotar recuaram na comparação com maio de 2016.
Entre os principais países fornecedores, aumentaram as compras do Mercosul (17%), e da Ásia (9,7%), mas foram vistas quedas nas importações de União Europeia (-6,1%) e Estados Unidos (-2,3%).
Melhora da atividade
Ao repercutir o avanço de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) ressaltou a importância do comércio exterior.
Em nota divulgada ontem, a instituição afirmou que a relevância das trocas internacionais para o resultado é “bastante nítida”. “Isso evidencia o quanto poderíamos ter amenizado a má fase da economia brasileira se tivéssemos um setor externo mais dinâmico”, apontou o documento.